Antiyal

Foi de longe a melhor visita à bodegas que fizemos. Antiyal é um projeto pessoal do enólogo Alvaro Espinoza (foi enólogo da famosa Santa Rita e encabeçou alguns dos principais projetos de produção de vinhos orgânicos no Chile - Viña Carmen e VOE) e sua esposa Marina Ashton.


Marina nos recebeu de forma muito atenciosa e explicou os conceitos da biodinâmica que praticam: os compostos, a noção de sustentabilidade dos recursos utilizados da propriedade, o incremento da biodiversidade no vinhedo, seja com animais (alpacas, cavalos, galinhas, patos, cachorros, etc), seja com outras plantas (na segunda foto, as amendoeiras).



Duas passagens interessantes:
1. Indaguei sobre a fermentação, se utilizavam leveduras comerciais. Marina fez uma pausa e, como se lembrasse de algo, pediu licença. Voltou com três pacotes metálicos e explicou que no começo do projeto, até cogitavam utilizá-los. No entanto, as fermentações que estavam se desenvolvendo naturalmente estavam dentro dos padrões desejados. Só para ter certeza, verifiquei os tais pacotes metálicos de levedura que estavam com a validade vencida desde o início de 2008.
2. Como já estávamos no fim da primeira semana de abril e as videiras ainda carregavam seus cachos, indaguei sobre a data da colheita, se não estava muito tardia. Mais uma vez, a resposta surpreendeu. Marina afirmou que já haviam feito uma colheita parcial em 04 de abril e a próxima seria em 12 de abril, afinal nesses dias a Lua estava em Touro, signo da Terra e, por isto, as uvas expressariam melhor o caráter do Terroir.
Quanto aos vinhos, começamos com o Kuyen 2006. Antes de provar o Antiyal, se mostrava um ótimo vinho, estilo mais potente, cheio de taninos bem polidos, longo, mas algo estava faltando. Quando degustamos o Antiyal 2006, as coisas ficaram mais claras. Aqui sim encontramos o retrato do Terroir, onde a biodinâmica aparece. Um vinho complexo, elegante, mineral e ainda com grande potencial de guarda. Sem mais adjetivos.
Já estávamos satisfeitos e prontos para seguir para a próxima vinícola, quando Marina afirmou que ainda tinha uma surpresa. Um 100% Carmenère que Espinoza identificou como um lote especial e engarrafariam desta forma. Pediu desculpa pela ausência de rótulo, bem como de nome e nos ofereceu uma taça. Prefiro não descrevê-lo, pois degustei o momento, não somente o vinho.


Postado por Marcel Miwa.

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