Nakayoshi - Kibune (Kyoto)

Um motivo de orgulho dos japoneses são as estações do ano bem marcadas. Como exemplo, a cidade de Kyoto está numa região continental, em um vale cercado por três montanhas, onde os picos de temperatura no verão chegam aos 40℃, com médias acima de 34℃ e umidade de ar elevada, para reforçar a sensação de sufocamento. No melhor estilo faça do limão uma limonada, Kyoto também abriga um dos destinos gastronômicos mais cultuados pelo Japão no verão.



O vilarejo de Kibune está a 10 quilômetros a norte do centro da cidade, facilmente alcançado por um trajeto de metrô e ônibus (cerca de 30 minutos). O povoado que se resume a uma sinuosa e estreita estrada nas montanhas, em meio à floresta de carvalho e cedro, tem como base o templo de Kibune (templo das águas) e companha o leito do rio homônimo. Justamente no leito está a grande atração para os visitantes veranistas: de maio a setembro, os restaurantes montam seus salões em plataformas de madeira sobre as águas (kawadoko), a apenas alguns centímetros sobre o rio.
Além do cenário único em meio à vegetação, a temperatura pode ser até 10℃ inferior ao centro da cidade e não é difícil observar clientes colocando os pés na água antes ou depois do almoço.


mesas sobre o rio do restaurante Nakayoshi


Não pense que a atração se resume ao cenário, os poucos mais de 12 restaurantes de Kibune são especializados no menu kaseiki (que têm suas raízes em Kyoto), refeições completas servidas em diferentes cursos com apresentação, ingredientes e técnicas conectadas à estação do ano.
Entre os pratos normalmente encontrados em um menu kaiseki de verão em Kibune estão o tofu habitualmente feito na casa, fresco, com textura semelhante a um manjar, servido com um pouco de wasabi ralado e kukonomi (gojiberries); somen, no caso, o zaru-somen, massa de trigo cortada em fios finíssimos e servido com delicado dashi frio (caldo à base de kombu, katsuobushi, sake e shoyu) para "rebater" o calor;  e o ayu, um raro e valioso peixe de rio com tamanho próximo à sardinha, que é temperado apenas com sal e assado diretamente sobre as brasas. Com sabor sutilmente adocicado, o ayu é servido inteiro e come-se assim, da cabeça ao rabo.
Como em quase todos os menus kaiseki no Japão, o curso principal, o último prato salgado que precede a sobremesa, é o arroz, acompanhado somente de misoshiru (sopa de soja fermentada) e algum tsukemono (versão japonesa do picles). Simplicidade oriental para fechar a refeição.
Abaixo o kaiseki do Nakayoshi.

zaru-somen

ayu


Depois de mais uma caminhada pelos bosques de cendro e carvalho, fizemos uma pausa para o chá e doces no Kifune club.




matcha e doces no Kifune Club


Reportagem originalmente publicada na Prazeres da Mesa.

Faixa de preço:  $$$$$$ (Nakayoshi) e $$ (Kifune Club)

Postado por MM.

Postagens mais visitadas