Rafael Osterling - Lima

Um casal sai à pé do hotel em direção ao restaurante Rafael Osterling ansioso pelo jantar que promete ser uma das melhores refeições no Peru.

Assim que são acomodados em uma das mesas pelo maître, solicitam água mineral.
O couvert com pães e um trio de pasta de azeitona, manteiga e maionese é colocado à mesa. Ao olhar a cesta de pães, ele constata que está repleta por pães de forma tostados. Estranha e se concentra no menu em suas mãos.

O garçon avisa, quinze minutos após o pedido, que o Cava escolhido está em falta. Sugere outro rótulo pelo mesmo preço.
O vinho é servido nas taças sem prévia degustação. Ele pede que a garrafa fique na mesa, mas o sommelier nega.

Leem atentamente o menu e escolhem os Calamares rellenos de morcilla e as Mollejitas de ternero, huevo de codorniz e palta para começar o jantar. Acham as lulas corretas, mas não se empolgam. Não compreendem o prato com ovos de codorna, molho doce demais, ervas, legumes e creme doce de abacate (ufa) que escondem as mollejas.

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restaurante de quinta categoria

Sentem falta da água para purificar o paladar.
As taças estão vazias.
A água chega.
O garçon pergunta se desejam mais duas taças de Cava. Ele diz que a sua garrafa está em algum lugar do restaurante.

Ele fica positivamente surpreso quando experimenta o seu prato principal, o Pescado del día (mero) con arroz bomba nero y calamares com bom peixe e arroz intenso.
Ela suspira quando olha a Tagliatta con bisque de langostino e hongos coberta por queijo ralado,  pois é antiquada, o seu paladar ainda não consegue se desvincular daquela regra da clássica cozinha italiana em não misturar estes dois opostos (até compreende a existência de pratos tradicionais que misturam peixe e frutos do mar com queijo, mas quando se trata da cozinha italiana, prefere não alterar o perfeito). Ao provar o prato, achou que a boa textura da massa apagou-se no bisque denso.

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Taças novamente vazias. Talvez retrato do caos existente no salão, provocado pela histeria e o ver-e-ser-visto dos clientes.
O garçon oferece o menu de sobremesas. Ele diz que preferem terminar o vinho antes.
Escolhem a sobremesa composta por Picarones (erva doce em excesso), Arroz dulce (ok) e Supiro limeño (ok).

Gourmandise o pior restaurante Lima

Ele pede para fechar a conta da mesa.
Constatam que o valor cobrado pelo vinho não era o combinado. Pede para seja revisado. O garçon faz uma estranha careta de reprovação.
Retornam ao hotel caminhando e pensado sobre o que aconteceu com o jantar neste restaurante upscale limeño, afinal durante as pesquisas pré-viagem, encontraram muitas referências positivas sobre o Rafael Osterling (só perdiam para as casas de Gastón Acurio). Uma sucessão de lapsos.
Recordam que não obtiveram resposta do e-mail com três semanas de antecedência para reserva.  Assim que chegaram a Lima, haviam telefonado para confirmar a reserva solicitada e descobriram que não havia sido efetivada. Será que era um prenúncio da decepção?
Não, este casal não acredita nessas coisas. Só creem que uma boa refeição se deve aos bons ingredientes, a competência dos cozinheiros, ao treino e eficiência da brigada de salão, à boa administração e na organização e profissionalismo acima de tudo.
Aprenderam mais uma das regras básicas do comensal inteligente: pratos italianos devem ser apreciados em regiões onde ocorreu a imigração de italianos.

Faixa de preço: $$$$$ por pessoa

Postado por Nina Moori.

Comentários

Silvia - BH disse…
Que diferença do outro de que gostaram muito, o bistrô. Não entendo o que ocorre que locais como este mantem-se na "onda".

Quais outras regras básicas do comensal inteligente? ;-) Gostei da expressão, mas se tivesse de apresentar alguma acho que deixaria a resposta em branco.
Silvia,

Na verdade não são regras, e sim conselhos para quem gosta de comer fora. De qualquer forma, cada um deve estabelecer as suas regras, as minhas são:
- Evitar restaurantes onde o "ver-e-ser-visto" é mais importante que a a comida oferecida;
- Priorizar os pratos à base de ingredientes locais;
- Beber água quando a carta de vinho tem valores exorbitantes e
- Reservar com antecedência os restaurantes mais concorridos.

bjo,
N.
Anônimo disse…
Que arrogante você é garota. Gosto do meu macarrão com camarão e muito queijo. Quem é você para impor regras?
Não sou ninguém para impor regras, apenas respeito o que a clássica e antiga cozinha italiana prega. Mas se prefere comer o seu macarrão com camarão e queijo melhor não ir à Itália, fique na sua casa ou vá a restaurantes menos clássicos.

N.
Anônimo disse…
Concordo com anonimo, adoro macarrao com camarao e queijo...e quem disse que em Lima nao teve imigraçao italiana? acho que esta mal informada, nao e tao numerosa como em Sao Paulo, mas tem muita gente sim descendente de italianos...so...
Anônimo disse…
ah, prova disto sao as maravilhosas padarias italianas em Lima, com paes maravilhosos...confira!
Veja anônimo, existe uma grande diferença entre seguir o paladar pessoal e desconfigurar o clássico. Às vezes, dá certo, outras...
Quanto à imigração italiana, confesso que estou pouco informada. Por favor, envie-me nomes/endereços destas padarias limeñas que ofereçam bons pães. Pretendo voltar ao Peru no fim do ano. Na primeira visita ao Peru conheci apenas 4 padarias/confeitarias em Miraflores/San Isidro e confesso que senti falta de bons pães.

att,
N.
Anônimo disse…
professora Nina,
Precisamos fazer algo, ou o mundo acabará dominado pelos famigerados devoradores de peixes e frutos do mar com queijo parmesão! Salvem-nos Sta Luzia, São Lourenço, São Benedito, Sta Maria e St Honoré!

hahahaha

saudades das aulas,
Talita
Silvia - BH disse…
Nina, não imagina como custou para pararem de por queijo ralado por cima de charutos de repolho no refinado local que frequento. Quem, comprando lá estes produtos da rotisserie, quiser acrescentar queijo ralado, ketchup, maionese, batatinhas ou o que fôr a um prato árabe, que o faça, na sua porção. Ninguém tem nada com isto. Mas o chef penou para conseguir tirar esta mania de quem expunha os pratos afim de oferecer charutos da culinária árabe na forma autentica desta cozinha.
Silvia - BH disse…
Nina, acerca dos conselhos para quem gosta de comer fora sempre topo experimentar coisas que não conheço. Mas agora que entendo um pouco mais de gastronomia estou selecionando o que de fato aprecio e não o que é bacana comer. Por exemplo, batata rosti não me apetece, não está entre os favoritos. Pode ser o máximo mas agora peço outro acompanhamento que se aproxime mais daquilo que combina com meu paladar. E estou fazendo minha listinha ; )
Anônimo disse…
Madame Gourmandise,
Fiquei p* da vida com o almoço no Rafael Osterling. Caro como os tops de São Paulo e comida salgada, mistureba, pratos feios, garçons grossos. Não recomendo e tive vergonha alheia quando li a recomendação no Paladar do dia 22 de setembro.

Sabrina C.
Anônimo disse…
Pois eu estive no Rafael na última terça-feira e os pratos eram dos Deuses. Claro que não pedi vinho, pois o valor praticado é sempre um absurdo. O arroz de pato e o canelone de lagosta irão permanecer para sempre na minha memória gustativa. Digo mais, almocei segunda-feira no restaurante Astrid Y Gaston (La Barra) e ainda assim, prefiro o Rafael!
anônimo, ou tive azar ou você teve sorte. a questão é que não darei segunda chance depois do valor que desembolsei.
N.

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